Para finalizar esse rodízio de textos com mesmo tema e tempero diferente ( confesso que eu mesma estou enjoada), deixo aqui um poema do grande Carlos Drummond de Andrade.
(Depois de um arroz branco, que tal uma lasanha?)
Acordar, Viver
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpurademente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?Ninguém responde, a vida é pétrea.
incolor ou the flying dream
Há 11 anos