sábado, 14 de novembro de 2009

Sem título

Na boca já não cabe mais o beijo
Tocam-se as línguas,
beijam-se as almas...
Somos dois amantes, inebriados no mais casto desejo.
Somos uno.
Destacados do tempo,
Mortos em nós mesmos. Dançando...

sábado, 13 de junho de 2009

A caixa de Pandora.


Flores.
Braços.
Pernas.
Corpos.
Misturam-se os copos, mas não os vinhos.
A alma presa contorce-se.
Há sentimentos que não querem se mostrar
Há segredos que não se pode contar.
Em busca do BEM,

À noitinha, quando ninguém parece vê-los,
A caixa abre-se, num turbilhão de males.
Que não deveriam ser vividos,
Que não deveriam ser carregados
Mas que FICAM!
Entorpecem a mente.

Há, contudo, a espera mansa,
O pedido de absolvição.
ESPERANÇA?
Talvez não.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

No divã.


Ás vezes eu acho que eu estou a um ponto de perder a linha. É verdade que nunca quis segui-la, sempre andei traçando a minha própria, tentando nunca perder os sentidos.
Mas quando eu estou sozinha, assim calada, principalmente no meu quarto, eu sinto que as paredes vão me esmagar. O mundo me abafa, minha cabeça sempre anda cheia e vazia ao mesmo tempo.
É como se eu sempre tivesse uma bomba relógio no meu cérebro, fazendo “ti–tac, tic- tac” o tempo todo, prestes a estourar.
Quando estou sozinha, com a mente parada, ou tentando colocar ela para funcionar, vem um sentimento estranho, quase que uma vontade de correr e gritar. Queria saber o que acontece comigo... Não posso continuar parada enquanto o mundo todo gira.
Eu sinceramente me sinto uma pessoa ambiciosa, daquele tipo de mulher que quer ter prestígio, que quer seguir uma carreira e que deseja, a cima de tudo, ser independente dos homens. Sempre pensei assim. Sou feminista admitida, declarada, acho que é necessária uma postura radical para lidar com esse machismo radical do mundo de hoje. Apesar disso tudo, não acho que eu precisei lutar muito para conquistar aquilo que tenho.
Nasci talentosa para os estudos, isso poderia ser bom, mas não é. Acho que para mim é quase que uma desculpa para permanecer sentada enquanto os outros ralam.
Por falar em desculpas, ahh, essas eu invento o tempo todo para mim mesma. Verdade, eu consigo me enrolar mesmo sabendo que estou fazendo isso propositalmente.
Me sinto uma velha de uns 80 anos de idade,( na verdade acho que muitas dão até na minha cara) cansada o tempo todo, mas ao mesmo tempo com vontade de correr...
Talvez eu tenha nascido para ser madame? Será? Se ao mesmo tempo eu quero mudar o mundo e não mudo a mim mesma...
Olho a minha volta, lá no meu quarto, paredes que me espremem novamente, como eu queria a tal liberdade. Voaaaaaaaaaaaaaaaaaar. Mas eu preciso ser alguém primeiro.



Consulta do dia 06/05/2009


Paciente: Adriele Matos de Santana Santos, 18 anos, que fala sem parar.


Necessário análise posterior e paciente.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Quando o amor sussurra e o desejo explode

O corpo move-se, contorce-se
os lábios mordem-se
quando o amor sussura e os olhos fecham-se, o desejo explode
Tudo certo... É o amor em manifesto.
E quando o amor sussura, mas os gritos, uivos, runidos são mais altos,
o amor, por sua vez, torna-se mudo, intrinseco
o desejo,mesmo assim, explode e ruge.
Tudo certo... É o corpo quem fala e cala quem o julgue incorreto.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ilusão de ótica

A noite é densa,
o coração é raso.
De um raso inatingível, um transparente indeciso.
Refração: numa fração de segundos o que era provável torna-se confuso, o que era copo vazio, corpo preenchido...
olhe mais de perto, enxergue teu silêncio, lambuze- se da tua alma,
transforme-se em sua dor.
Reflexão: as feridas parecem as mesmas, mas ninguém tem o antídoto...
Qual é a dose letal?
A noite escorre, o corpo dorme: solitários.
Silêncio.
Silêncio turvo, denso como a noite, fugaz como o corpo, profundo como a alma
" Não é o que se pode chamar de uma história original, mas não importa, é a vida real"